Caso fosse inventada hoje uma fórmula mágica para a juventude eterna, você estaria disposto(a) a tomá-la? A resposta é sim, certo? Essa ambição é compartilhada pela maioria dos seres humanos por tanto tempo que remonta a própria história da humanidade. Contudo, apesar dos mitos e descobertas que atravessam os séculos no anseio de viver, uma das únicas certezas da vida é ter de lidar com a morte.
Apesar da certeza da morte, dificilmente estaremos preparados para ela. E talvez, por isso mesmo, os constantes avanços tecnológicos e os novos conhecimentos sempre a afasta um pouco mais, de modo que a expectativa de vida média no século XXI chega a atingir o dobro em comparação há meados do século XX.
Mas, longevidade e qualidade de vida não são atualizações automáticas adquiridas através de tecnologias e conhecimentos, é necessário boas escolhas individuais e garantias de acesso à rede de saúde. A gerontologia, ciência que estuda o processo de envelhecimento humano, divide o envelhecimento em dois tipos: o primário e o secundário. Sendo o primeiro inevitável, e o segundo decorrente de abusos e maus hábitos. Alguns estudos sustentam que até 35% de todas as mortes de pessoas com mais de 50 anos poderiam ser evitadas através da incorporação de hábitos saudáveis. E não existe limite de idade para iniciar um bom hábito.
O estresse crônico também está associado à maior suscetibilidade a doenças devido à fragilidade causada no sistema imunológico, reduzindo a qualidade de vida, e por fim, a expectativa de vida. É bem certo, que o estresse além de causador de doenças e como fator prejudicial à qualidade de vida, é também a sua consequência, o que cria um efeito bola de neve. Evidências científicas mostram como o equilíbrio entre corpo e mente beneficiam a saúde e favorecem o bem estar e a longevidade. Meditação e exercícios físicos são exemplos que podem ajudar na obtenção de uma vida mais saudável, bem como a dedicação de algumas horas do dia em contato com a natureza. Uma comprovação que evidencia a virtude do equilíbrio é a estratégia da dieta com redução de calorias. Ao reduzir o consumo calórico, mantendo uma alimentação balanceada nutricionalmente, a tendência do organismo é diminuir o metabolismo, possibilitando a pessoa viver melhor e por mais tempo.
Infelizmente, a cultura dominante prefere remediar ao invés de prevenir. O quanto poderíamos acertar se tivéssemos aos 20 anos a bagagem de conhecimento adquirido aos 60 anos de idade, por exemplo?
Como um jovem que não se preocupa com a vida adulta tardia, muitos empresários ignoram a responsabilidade social de sua empresa. Consideram o plano de carreira como aumento de despesas e estão sempre demitindo funcionários com mau desempenho, para contratar quem se disponha a ganhar o piso legal. Ou precisam substituir às pressas aquele colaborador de ouro, por não conseguir cobrir uma proposta que ele tenha recebido de outro empregador. Tais fatores levam à alta rotatividade e enfraquecem a cultura da corporação.
Equilibrar a folha de pagamento é, sem dúvida, de extrema importância. Porém, algumas ações estratégicas possuem custo zero e são de grande impacto para a qualidade de vida do profissional e geram bônus que podem ser capitalizados pela imagem da empresa, como a redução do nível de estresse no ambiente de trabalho. Outro bom exemplo de parceria estratégica entre empregado e empregador são os programas de aposentadoria privada, que atraem para aquele ambiente o funcionário que já possui uma visão de futuro e, por conseguinte, um bom parceiro de longo prazo.
E se você é um desses que imagina a velhice como um período de inutilidade e debilitações, é com grande satisfação que informo que está enganado. Adultos mais velhos de fato apresentam algumas perdas de capacidades, principalmente relacionadas à velocidade de execução. No entanto, muitas habilidades são compensadas pela expertise adquirida pela continuidade de determinadas atividades, o que torna essas pessoas mais hábeis para resolução de problemas complexos, cujas respostas não foram apresentadas anteriormente. Inclusive, exercícios que requerem grande esforço cognitivo são bastante uteis para retardar muitos aspectos do envelhecimento.
De fato, ao contrário do que acredita o senso comum, pesquisas evidenciaram que após certa idade, em torno dos 60 anos, não existe correlação direta entre o envelhecimento o aumento do adoecimento de idosos, sendo a maioria das hospitalizações dessa faixa etária causada por acidentes como quedas, o que evidencia a atenção especial necessária aos espaços de convívio para a inclusão segura dessas pessoas que amamos.
Diante do que foi exposto, é possível olhar para o futuro vindouro com mais otimismo e motivação para desfrutar os prazeres da vida. Mas o futuro já começou ontem, e é responsabilidade de cada um planejar o hoje para construir o tão sonhado amanhã.
César Ameno.