Como as decisões afetam a vida, e como a vida afeta as decisões?
A virtude decisória é a habilidade extrema de ponderação e ação sempre que necessário, em consideração ao tempo disponível.
Desde a formação da vida e o desenvolvimento de um cérebro adulto maduro a mente humana passa por vários estágios e formas de cognição, resultando em uma percepção estratégica adaptativa que nos permite a vida. O modo que cada um prioriza a escala de consciência produz a perspectiva individual de desejo e o julgamento que lhe é demandado. Portanto, para atingir uma situação desejada, cada pessoa realiza um julgamento conforme pensa ser necessário.
Nem tão evidente quanto pode parecer, antes que seja decidido algo, há ainda uma decisão prévia sobre o que merece qualquer tipo de julgamento, como o julgamento dos próprios desejos. Essa qualidade evita o desgaste com aquilo que foge da própria esfera de poder.
Conforme exposto em poder, ponto chave atrelado à manutenção e capacidades, as decisões se correlacionam com a modificação e adaptação. Ainda que se decida pela continuidade e permanência do que se trata, o efeito decisório presume a consideração de alternativas, distinguindo-se do prosseguimento incogitado.
Vale destacar que apesar de somente ser possível decidir quanto ao que se encontra dentro da própria esfera de poder, cada decisão poderá implicar em consequências que vão além de si e fogem da própria capacidade, de modo que constantemente temos que decidir sobre como se adaptar ao cenário de mudança, possibilitando a continuidade do cenário desejado.
Assim sendo, a racionalidade humana no processo de escolhas, usualmente entendida como amparada pela lógica, em muitas ocasiões, é, na verdade irracional, devido ao viés cognitivo que a pessoa exerce em seu meio. Ou seja, para que cada pessoa consiga construir um sentido em sua vida, dentro de um universo tão caótico e aleatório, a mente humana descarta tantas informações que tornariam uma questão complexa ainda mais complexa, e concebe sentidos questionáveis como se fossem certeza para outras tantas informações. Em muitos casos, os profissionais mais experientes e respeitados são os responsáveis por decisões infundadas, justamente por causa do reforço mental recebido ao longo de sua trajetória, e a consolidação de um sentido que pode não ser útil em outro contexto.
Por fim, o desenvolvimento da habilidade decisória depende do alinhamento de todos os sete elementos chave (motivação, estratégia, interatividade, emoções, poder, decisões, #metas). Exercícios de raciocínio, como a investigação motivacional e o contexto cultural em que se insere, são fundamentais para decisões mais apuradas e pertinentes, pois permite um contato mais amplo e cristalino do indivíduo com o ambiente e consigo mesmo.
César Ameno.
Referências:
Desenvolvimento humano / Diane E, Papalia, Ruth Duskin Feldman, com Gabriela Matorell; tradução : Carla Filomena Marques Pinto Versci…[et al.] – 12. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2013.
HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2015.
Chiavenato, Idalberto. Gestão de pessoas : o novo papel dos recursos humanos nas organizações. – 4. ed. – Barueri, SP : Manole, 2014.
MACHADO, André M. O impacto de vieses cognitivos sobre a imparcialidade do conteúdo de Inteligência. Revista Brasileira de Inteligência. Brasília: Abin, n. 13, dez. 2018. (http://www.abin.gov.br/conteudo/uploads/2018/12/RBI-13_artigo-1_O-IMPACTO-DE-VIESES-COGNITIVOS-SOBRE-A-IMPARCIALIDADE-DO-CONTE%C3%9ADO-DE-INTELIG%C3%8ANCIA.pdf). Acessado em 22/12/2018.