Como você transmite e adquire informações que lhe são importantes?
Quão afiada pode ser a mente para a leitura? E para a escrita? Ou ainda, para as variadas maneiras de coleta de informações e formas de expressão?
A habilidade cognitiva da humanidade pode ser considerada elemento chave no processo de evolução da espécie. Essa importância levou uma parte especial no livro “Sapiens – Breve história da humanidade”, do historiador Yuval Harari, que explica a Revolução Cognitiva. Segundo o autor, há pelo menos 70 mil anos atrás o ser humano já transmitia códigos complexos de comunicação, se diferenciando das demais espécies. As evidências sugerem que a capacidade criativa e a habilidade de abstração possuem forte vínculo com o desenvolvimento da linguagem, em decorrência da habilidade mental de pensar o excepcional e da necessidade de transmitir esses pensamentos adiante.
Como é avaliado por Harari, essa formidável capacidade permitiu à espécie formar vínculos numerosos, sem a qual existiriam apenas os vínculos familiares mais próximos, em uma relação de intimidade. No entanto, ao projetar ideias, crenças e abstrações, torna-se possível que completos desconhecidos, de regiões completamente distintas, passem a se relacionar de forma ordenada e propositada.
Tudo isso, só nos é possível saber, graças às mensagens transmitidas por nossos antepassados, através de códigos, símbolos e esculturas; como o texto que agora lê ou ainda por formas mais exóticas.
Essa habilidade foi sendo construída por milhões de anos e permanece sendo aprimorada até hoje. Com isso, nossa realidade material guarda relevante ligação com o mundo das ideias, e vice versa. Novas tecnologias são inventadas e novas formas de comunicação são requeridas, um constante aprendizado em retroalimentação. Um bom exemplo é o sistema de banco de dados, que oferece inúmeras informações em um volume jamais visto.
Essa complexa conjuntura elaborada pelo próprio ser humano, se reflete em idiomas, culturas, políticas, religiões, costumes, etc. Cada esfera com formas peculiares de entendimento, nos diversos ambientes. Tamanha abrangência nos exige esforços para o entendimento. A triagem natural do entendimento é o interesse, que é para aonde a atenção e o esforço são direcionados.
Entre os níveis comunicacionais podemos citar o nível intrapessoal, quando se fala consigo mesmo; e o nível interpessoal, quando se fala para outros. Ainda no nível interpessoal, os aspectos comunicativos podem ser distinguidos quando se direcionam a uma pessoa somente; a um grupo restrito; ou às massas, que são numerosos indivíduos de diversificadas matizes. Tais aspectos precisam ser ponderados para o direcionamento do esforço.
Com isso, é possível vislumbrar a vital importância dessa habilidade humana. O dom de se expressar e compreender, e ainda, criar e compartilhar a realidade ou novas formas de ver o mundo.
César Ameno.
Referência:
HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2015.